Morreu no Rio de Janeiro aos 92 anos, na madrugada desta segunda-
feira (11/03) o ex-piloto, empresário e radialista Wilson Fittipaldi,
conhecido como Barão. Wilson Fittipaldi era o pai de Émerson e Wilsinho
Fittipaldi, e avô de Christian e Pietro Fittipaldi.
Barão, Dona Juzy, Wilsinho e Emerson. O início da
saga dos Firttipaldi.
Ele estava internado desde 25 fevereiro no Hospital Copa D’Or, na
Zona Sul do Rio de Janeiro. De acordo com a assessoria do hospital, ele
deu entrada com problemas respiratórios e estava internado no centro de
tratamento intensivo coronariano. O hospital não divulgou mais detalhes
sobre a causa da morte, a pedido da família.
Barão foi piloto e fundador da Confederação Brasileira de
Automobilismo (CBA), e o primeiro locutor de corridas no rádio
brasileiro. Marcou em sua carreira a temporada de 1972 da Fórmula 1,
quando transmitiu na Jovem Pan, ao lado do jornalista Domingos Piedade,
todas as provas daquele ano. Assim, o primeiro título mundial de
Fórmula 1 do filho Émerson foi narrado por ele.
Emerson ao lado do Barão.
Emerson ao lado do Barão
Émerson Fittipaldi publicou nesta madrugada, no Twitter, que foi
graças ao pai que ele entrou no automobilismo; contou também como foi o
último momento dos dois. “Ontem, domingo, falei no ouvido do meu pai que
linda família que ele formou”, escreveu. “Foi nesse momento que ele
abriu os olhos pela primeira vez desde que estava internado, era um
sinal de amor”.
Wilson Fittipaldi nasceu no dia 04 de agosto de 1920, filho dos
imigrantes italianos Paschoal e Henriqueta Fittipaldi. Eles haviam se
mudado para o Brasil no final do século XIX. O pai de Wilson se tornou
caixeiro viajante no interior de São Paulo, vendendo baterias, viajando
no lombo de mulas. Desde a infância Wilson se interessou por carros e
motos. Com 15 anos de idade, Wilson foi sozinho para o Rio de Janeiro,
assistir uma prova do circuito da Gávea. Ele disse aos pais que iria
acampar, e vestido de escoteiro pegou o trem no sábado à noite,
chegando, na manhã de domingo à então Capital Federal. Sem dinheiro e
sem ingresso, assistiu a prova em cima de uma árvore.
Em fevereiro de 1943 casou-se com Juzy Vojciechoski, filha de
imigrantes russos, que se tornou sua parceira nas aventuras
automobilísticas, chegando até a disputar algumas corridas. O primeiro
filho, Wilson Fittipaldi Júnior nasceu no dia 25 de dezembro de 1943.
Emerson nasceu quase três anos depois, no dia 12 de dezembro. No final
da década de 1930 ele já era locutor profissional, fazendo a primeira
transmissão de um prova internacional em 1948, o GP do Bari, pela Rádio
Panamericana. No ano seguinte Wilson foi de novo à Europa para
transmitir ao vivo a prova. Foi um enorme sucesso, com ele também
narrando as provas em Possilipo e Monza, naquele ano. Grande amigo do
piloto Chico Landi, esteve em Maranello, quando Landi foi encomendar ao
Comendador Enzo Ferrari um carro da fábrica italiana, em 1949.
Wilson narrou a prova da Gávea de 1947 até 1954. Além da locução ele
também passou a organizar provas de moto e carro, acompanhando de perto
o nascimento do autódromo de Interlagos. Sua carreira de piloto terminou
depois de um terrível acidente em um prova de moto, com duração de 24
horas. Usava o número 7, e Emerson considera esse número de sorte, pois
foi um milagre o Barão ter sobrevivido. Wilson queria inovar, e
participaria de prova como piloto e repórter. Mas a aventura acabou
depois de um choque entre ele e um piloto japonês. Fittipaldi voou com
sua BMW de 600 cm3 para o meio do mato. Com diversas fraturas, foi
hospitalizado e precisou de muita fisioterapia para recuperar os
movimentos do braço direito.
Em 1956, Wilson realizou a primeira “Mil Milhas Brasileiras”, em
parceria com o Centauro Motor Clube e a Rádio Panamericana, hoje Jovem
Pan. Depois de uma luta de 11 anos com o Automóvel Clube Brasileiro,
Wilson e mais alguns amigos, conseguiram fundar a Confederação
Brasileira de Automobilismo. Na década seguinte passou a acompanhar o
início da carreira de seus filhos, no kart e depois em provas de turismo
e Formula Vê. Com os filhos indo para a Europa no final dos anos 1960,
Wilson retornou àquele continente, em 1969, para transmitir a final da
F-3 Inglesa, em Brands Hatch, onde Emerson se sagrou campeão.
Com a estreia Emerson na Fórmula 1 pela Lotus, o “Barão” (que recebeu
esse apelido do jornalista Ney Gonçalves Dias), passou a acompanhar as
provas do campeonato mundial, ao vivo. Durante a década de 1970
acompanhou o bi-campeonato de Emerson, a carreira de Wilsinho e a equipe
Fittipaldi. O GP dos EUA-Oeste, em Long Beach, 1980, foi o transmitido
por Wilson. Acostumado a narrar às corridas na pista, Wilson se negou a
transmitir via televisão, em estúdio.
Longe das pistas, Wilson passou a acompanhar a carreira do filho
Émerson nos Estados Unidos, e do neto Christian. Durante algum tempo ele
e Dona Juzy foram dar apoio ao inicio da carreira do neto, indo morar em
Londres.
A contribuição que o Barão deu ao automobilismo brasileiro pode se
resumir no fato de que, sem ele, o Brasil não teria seus oito títulos na
Fórmula 1.
Força Emerson e Wilsinho. Obrigado Barão, por toda a inspiração.
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