Os automóveis europeus invadiram o mercado americano nos anos 50, em
uma ofensiva de carros menores e mais econômicos que não foi repelida de
imediato pelo público. Campeã de popularidade, a Chevrolet só apresentou
seu compacto Chevy II em 1962, mas havia uma lacuna considerável entre
ele e o enorme Impala, que foi preenchida pelo Chevelle, primeiro modelo
médio da marca.
Lançado em 1964, adotou o esquema de chassi com cinco carrocerias
(sedã, cupê, perua, conversível e a picape El Camino) e várias versões
de acabamento, com destaque para a topo de linha Malibu e a esportiva
SS. O motor podia variar dos pequenos (para a época) seis cilindros em
linha até o V8 327 de bloco pequeno, com 5,4 litros e até 300 cv.
Com a era dos muscle cars, inaugurada pelo Pontiac GTO, o mercado
exigia motores cada vez mais potentes. A Chevrolet então aproveitou a
reestilização de 1965 para lançar o V8 396 (6,5 litros), que podia
chegar a 375 cv, com vantagem da dirigibilidade mais dócil que a do V8
de bloco pequeno. A primeira grande reestilização viria em 1966, com
alteração em teto, para-lama, grade, faróis e lanternas: o modelo
ficaria mais elegante, com um perfil longo e aerodinâmico. É desse ano o
carro das fotos, do colecionador Gustavo Valente, um cupê na versão top
Malibu, com o V8 327 (5,4 litros). "Esse motor de bloco pequeno
rende uns 300 cv, mais que suficiente para andar na frente de muito
carro atual", diz ele.
A versão esportiva ganharia o nome de SS 396, com novo para-choque e
falsas entradas de ar no capô. Um ano depois, o Chevelle teria a opção
de freio a disco dianteiro, além do câmbio Turbo Hydramatic de três
marchas, superior ao confiável mas limitado Powerglide. Em quatro anos o
Chevelle adquiriu a reputação de bom, bonito e barato, com desempenho
excelente, apesar de ser ruim em curvas. O que não importava a seu
público, que se contentava em acelerá-lo em linha reta. Foi nesse
cenário favorável que surgiu a segunda geração, em 1968. Todo
redesenhado, o Chevelle agora era um fastback com dois volumes
definidos, estilo em voga na época. Em 1969, recebeu discretas
modificações nos para- choques e no conjunto óptico e oV8 327 foi
substituído pelo novo V8 350 (5,7 litros), que manteve os 300 cv mas
oferecia mais torque em baixo giro.
O Chevelle chegaria ao ápice em 1970: para-lamas abaulados simulavam
músculos e incorporavam os quatro faróis. Sob o capô do SS estava o
bestial 454 V8 denominado LS6: 7,4 litros, 450 cv e 69,1 mkgf. Nesse ano
surgia o Monte Carlo, um cupê de luxo baseado no Chevelle. Mas 1971
chegou e marcou o declínio do Chevelle: a frente exibia agora só dois
faróis e os motores sofriam uma drástica queda no rendimento, provocada
pelo uso do catalisador, exigência das leis antiemissões mais severas.
A terceira e última geração foi a de 1973, sem foco na esportividade.
Maior e mais largo, o Chevelle agora era mais um carro de luxo, limitado
pela legislação ambiental. Com a identidade perdida, ele foi definhando
até 1977, sendo substituído no ano seguinte pelo Malibu. Um triste fim
para um dos mais queridos Chevrolet já feitos nos EUA.
Vida Própria
O Malibu nasceu como uma versão do Chevelle em 1964, mas virou modelo
na linha 1978. Morreu em 1983, até que a Chevrolet voltou a produzi-lo
em 1997. Feito até hoje, agora é vendido no Brasil.
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