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Renault 4CV

Renault 4CV

Na Segunda Guerra Mundial a produção das montadoras europeias era quase toda de veículos militares. Isso não impediu que a Renault criasse um carro urbano durante a ocupação nazista da França, para enfrentar os anos de recessão que viriam. A inspiração vinha do Fusca, mas com o tempo o projeto ganhou frente mais elevada, teto mais reto e quatro portas. Chamado de 4CV, sua potência fiscal, forma de classificação tributária dos automóveis na França, ele foi lançado em 1946 como substituto do Juvaquatre. Por sua adequação aos seus dias, o 4CV se tornou o primeiro carro francês a ultrapassar a marca de 1 milhão de unidades.

Era o início de uma linhagem de pequenos Renault de motor traseiro – mas refrigerados a água. Ao contrário do Fusca e do Citroën 2CV, ele não teve versão militar, mas as consequências do racionamento do pós-guerra ficavam evidentes na cor amarelo-areia, mesma dos veículos militares e única disponível no início da produção, em 1947, devido ao estoque dessa tinta – na França ele era o “Barra de Manteiga”. Na frente pequenos frisos imitavam uma grade. A porta dianteira se abria para trás, presa à coluna central. Junto à traseira havia a entrada de ar para resfrigeração. O motor traseiro e os casos de superaquecimento geraram o apelido brasileiro de “Rabo Quente”.

Renault 4CV O calor em excesso vinha do motor de quatro cilindros, 760 cm³ e esforçados 18 cv. Oficialmente eram 90 km/h de velocidade máxima e 17 km/l de consumo. Isso bastava para o trânsito urbano ou viagens curtas, tarefas que a suspensão independente nas quatro rodas, com bandeja, molas espirais e amortecedores a óleo dava conta sem maiores transtornos.

A simplicidade imperava, como se vê pelo amarelo-areia do interior e rodas do exemplar 1949 destas fotos. Mesmo sem assistência, a direção é leve por causa do motor traseiro. Os engates do câmbio de três marchas são longos, moles e imprecisos e exigem domínio do tempo de troca. O ronco do motor é tão suave quanto seu comportamento pacato. Recursos simples ajudavam os motoristas da época. Não se troca o filtro, só o óleo, que fica dentro de um elemento fixo. O carburador a sucção, como o de moto, evita que o carro afogue. Uma alavanca junto à bomba de gasolina permite bombeá-la em dias frios. Se não pegar mesmo assim, pode-se colocar uma manivela no orifício junto ao pára-choque traseiro e girá-la.

Renault 4CV Em 1949 ele foi campeão na classe até 750 cm³ do Rali de Monte Carlo. Logo ganharia a versão comercial (van baseada no sedã sem vidros laterais traseiros), o top Grand Luxe de 21 cv e o conversível. O 4CV Sport, de 32 cv, até venceu na sua classe nas 24 Horas de Le Mans de 1950. Foi vendido em vários países, incluindo EUA, e no Japão foi produzido sob licença como Hino Renault PA. Foi em 1958 que o milionésimo 4CV se tornou um marco da indústria francesa. Até 1961 foram feitos mais 105 547 dele, até o R4 tomar seu lugar. Em 1996 o carro-conceito Fiftie serviu de merecida homenagem aos 50 anos desse pioneiro que vendeu como pão quente.

Renault FiftieCupê de dois lugares (que o 4CV nunca teve), o conceito Fiftie, de 1996, possuía estrutura de fibra de carbono e plataforma de alumínio. Seu motor 1.1 rendia 60 cv. O teto rígido rebatia em fatias entre as estruturas da capota. Na frente havia “bigodinhos” cromados como o 4CV e o porta-malas trazia uma cesta de piquenique.

Publicado em: 6/12/2010
Fonte: Quatrorodas.com.br

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