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Entrevistas - Profissionais do Carro: Professor Pedrinho

Entrevistas - Profissionais do Carro: Professor Pedrinho

Em Setembro deste ano, a convite do SENAI Ipiranga, o Clube do Carro Antigo do Brasil e a ACCASC realizaram mais um Evento Itinerante de seu Projeto Escola de Cultura.

Desta vez, a Exposição: “Os 55 anos da Romi-Isetta” e através da apresentação de Isettas e uma Mostra de peças expostas no interior de seu ônibus escolar americano: “Ônibus Escola de Cultura” contaram um pouco da história do simpático carrinho.

O programa Casa Aberta é realizado anualmente em diversas unidades do SENAI e tem o objetivo de mostrar a comunidade as atividades e a estrutura da principal entidade formadora de mão de obra especializada do Brasil. Especificamente o SENAI Ipiranga “Conde José Vicente de Azevedo” na área automobilística.

Entre as quase 3.000 pessoas que visitaram o Evento, em sua grande maioria apaixonados pelo automóvel, tivemos o prazer de conhecer e entrevistar o Professor Pedro Agonilla, 76 anos, que trabalha há 41 anos na entidade.

Seu Pedrinho, como é chamado carinhosamente por seus alunos e colegas professores, trabalha com mecânica desde os 13 anos, porém só descobriria mais tarde sua vocação pela mecânica automotiva. De manhã estudava e no período da tarde trabalhava na oficina de uma fábrica no Brás, cidade de São Paulo.

Natural de Ribeirão Bonito, Pedro veio para São Paulo ainda pequeno e estudou o ensino médio na escola Getúlio Vargas em São Paulo até 1950, pouco depois de formado continuaria trabalhando com mecânica até que em 1960 abriria sua própria oficina.  Em 1969 viria a desapropriação da região e com isso o fechamento de seu negócio. No mesmo ano, motivado pela vontade de ensinar, sua grande paixão, participaria de uma seleção no SENAI e aprovado como Instrutor. Graças aos seus conhecimentos na mecânica, não foi difícil se adaptar, participou de  cursos de treinamento para docentes na própria Escola, o que lhe permitiu desenvolver sua capacidade para lecionar. 

O Ex-aluno André Maia, 33 anos, fala sobre Seu Pedrinho: “... é uma figura emblemática do Senai, tem muito conhecimento e muita experiência ...”, e complementa: “Está desde o início das atividades da Escola, muitos dizem que “lavou” o SENAI nas vésperas de sua inauguração”. Em entrevista ao Clube do Carro Antigo, contou um pouco de sua vida e suas lembranças de nossa homenageada: “A Romi-Isetta”.

Veja a Entrevista:

CCA: Conte-nos alguma história sobre a Romi-Isetta.
Pedro Agonilla: Na empresa onde trabalhávamos, usavam a Romi Isetta como um carro de trabalho, para buscar peças..., o fato engraçado é que ela foi adotada, mais pela economia do que por qualquer outra coisa.... Mesmo acostumados com os carros americanos espaçosos e potentes, a economia que aquele carro tinha, balançou as pessoas na época... para nós que produzíamos e transportávamos peças pequenas: “Era uma mão na roda”.

CCA: Teve a oportunidade de realizar manutenção na Romi Isetta?
Pedro Agonilla: Olha, a manutenção que tinha era muito pouca, o carro era relativamente novo e não quebrava. Às vezes, quando quebrava algo, arrumávamos ali mesmo, afinal sua mecânica era bem simples, de qualquer forma quando complicava o jeito era guincho, igual a qualquer outro carro. O problema eram os pneus que por serem pequenos furavam ou murchavam rapidamente

CCA: Quem utilizava estes veículos na época? 
Pedro Agonilla: Muitas empresas, pela economia, e famílias de classe média que queriam um carro bom e barato.

CCA: Lembra de algum acidente que tenha envolvido a Romi Isetta na época?
Pedro Agonilla: ..., não vi, mas me contaram..., uma vez um indivíduo deu marcha ré com seu caminhão..., foi um problema, a pessoa que dirigia a Romi Isetta acabou ficando presa nas ferragens, a carroceria do caminhão pegou bem na frente ...., o pior foi inevitável.

CCA: Em sua opinião porque a Romi Isetta foi descontinuada? Tem esperança que ela volte?
Pedro Agonilla: Todo Carro tem que acompanhar a evolução e ser cada vez mais rápido na saída e quando ela quis melhorar isso os outros já estavam muito a frente, Por exemplo, o próprio Fusca que era um dos concorrentes dela já era muito superior e com isso ela foi acabando. E sobre ela voltar, creio que se arrumarem a estabilidade, a segurança e o motor ela pode voltar, e também precisariam resolver o problema da porta na frente, pois hoje em dia aquilo não daria certo. Em cidades pequenas creio que até poderia dar certo, mas nas cidades grandes seria muito difícil.

CCA: E de outros carros antigos tem algum que te marcou bastante também?
Pedro Agonilla: Olha eu gosto muito de carros americanos; os carros da Ford e da Chevrolet são os que mais me marcaram, pois eu trabalhei bastante com eles e com isso aprendi a gostar muito deles.

CCA: Qual seu carro antigo predileto?
Pedro Agonilla: Eu não tenho um preferido, mas os Chevrolets com motorização V8 me sempre me agradaram muito.

Ao final da entrevista seu Pedro deixou uma mensagem para os jovens que gostam de Carros e não encontram oportunidades de trabalharem na área: “Quando as oportunidades surgem, tem de aproveitá-las....” e completou: “...parabéns ao Clube da iniciativa de oferecer cursos de graça para jovens que não podem pagar...”.

Veja fotos do Evento:


Exposição sobre os 55 anos da Romi Isetta feita no SENAI "Conde José Vicente de Azevedo" no Ipiranga. (set/2011)


Programa Casa Aberta (Área de Treinamento do SENAI Ipiranga). A direita: alunos treinados que monitoram os visitantes pela Escola. (set/2011)


Pedro Agonilla ao lado de uma Romi Isetta 1956.(set/2011)


Romi Isetta 1956

Publicado em: 19/12/2011
Fonte: Redação CCA - Felipe Leandro

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