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Venezuelanos Adoram Dirigir Carros Antigos

Venezuelanos Adoram Dirigir Carros Antigos

Humberto Melo cuida de seu Ford Torino 1974 em Caracas, em 4 de dezembro. (foto: New York Times)

Subindo as ruas estreitas que percorrem as favelas no morro desta cidade, o grafite fica cada vez mais radical e antiamericana, proclamando "Ianques, vão embora!" em meio a murais denunciando o presidente Barack Obama e a secretária de Estado, Hillary Rodham Clinton.

Porém, ao mesmo tempo, os carros ficam maiores e mais americanos – como carros grandes Ford Gran Torino, estilo anos 70, bebedores de gasolina, bem estilo "Starsky & Hutch".

"Gostamos que nosso carros sejam como tanques neste país, ou seja, eles devem ser grandes, confortáveis e preferencialmente fabricados nos Estados Unidos", disse Miguel Delgado, 52 anos, mecânico em Los Frailes, uma favela na parte oeste da cidade, onde trabalhava em um Dodge Coronet 1979 e um Chevrolet Impala 1979.

A sobrevivência de tantos bebedores de gasolina americanos, estilo retro-chique, de Plymouth Valiants a Dodge Aspens e Chrysler New Yorkers, se deve em parte às excentricidades da história recente da Venezuela e em parte à sua riqueza em petróleo. Os motoristas afirmam dirigir esses carros simplesmente porque podem fazê-lo. Eles sorriem quando ouvem que o preço da gasolina nos Estados Unidos é de US$ 3 por galão, em média, e muito mais alto em partes da Europa.

A Venezuela oferece o que pode ser o subsídio mais generoso para combustível. A gasolina, que atualmente custa menos de US$ 0,10 por galão, é a mais barata do mundo, superando até mesmo a Arábia Saudita e o Irã, outros grandes exportadores de petróleo, de acordo com um estudo de preços globais do combustível realizado pela agência alemã GTZ.

Embora a Venezuela seja uma grande produtora de petróleo, o subsídio ainda custa ao governo mais de US$ 9 bilhões por ano. Apesar de todo o seu populismo, o presidente Hugo Chávez lamentou o escoamento do dinheiro público, chamando os preços da gasolina de "nojentos".


Painel de Lincoln Continental de 1974 é visto em Caracas. (Foto: New York Times)

Porém, ele não mexeu no subsídio, que muitos venezuelanos consideram um direito nato. Um aumento no preço do petróleo em 1989 ajudou a deflagrar conflitos em que centenas, talvez milhares de pessoas morreram.

Hoje, encher o tanque de um Lincoln Continental 1974, um monstro de 6 metros de comprimento com motor V-8 e milhagem na adolescência, custa cerca de US$ 1, incluindo uma pequena gorjeta para o frentista do posto de gasolina. "É um carro bastante econômico", disse José Pereira, 41 anos, orgulhoso dono desse modelo.

Muitos desses antigos iates terrestres de Caracas foram importados durante o auge da "Venezuela Saudita", o período, no começo da década de 1970, em que os preços do petróleo quadruplicaram e este país em desenvolvimento foi inundado de petrodólares.

O recentemente morto presidente populista Carlos Andrés Perez, um protótipo de Chávez, nacionalizou a indústria do petróleo, enviou ajuda à Bolívia e tentou transformar a Venezuela em um player do mundo desenvolvido. Um voo de Concorde ligava Caracas a Paris. Tantos consumidores venezuelanos invadiram Miami que lá eram chamados de "dame dos", que em espanhol quer dizer "me dá dois".

"Meu carro me lembra a época em que a Venezuela era a inveja da América Latina", disse Jesus Regalado, 68 anos, motorista de táxi que ainda percorre as ruas da cidade em seu Dodge Dart 1975, que ele comprou novo graças a um programa de financiamento do governo.

Muita coisa mudou desde então. O preço do petróleo despencou desde a década de 1980 e, no tumulto que se seguiu, Chávez, na época obscuro militar, liderou uma tentativa de golpe sem sucesso em 1992 contra Perez. Depois de sua libertação da prisão, Chávez teve mais sorte com a política eleitoral, ganhando a presidência em 1998, e transformando a Venezuela de um país onde os Estados Unidos exerciam considerável influência a uma pedra no sapato de Washington.

Suas novas alianças políticas e outro boom do petróleo, que acabou abruptamente em 2008, levaram mais carros novos às ruas. Uma iniciativa iraniana agora produz um sedan 4 portas chamado de Turpial. Funcionários públicos começaram a importar milhares de Ladas russos.

Nos distritos mais abastados da capital, SUVs como Jeep Cherokees, Ford Expeditions, até mesmo o ocasional Hummer, competem por espaço em passagens congestionadas com os carros menores: Toyotas, Daewoos, Hondas e Hyundais. Milhares de motoboys costuram pelo engarrafamento, contribuindo para o caos.

Apesar dos carros mais novos, o ruído baixo de bebedores americanos de gasolina ainda é ouvido no trânsito, evocando, de certa forma, o caso de amor que as pessoas em Cuba, principal aliado da Venezuela, têm com automóveis americanos pré-1960.

Alguns motoristas dizem que compram os carros porque as peças estão facilmente disponíveis. Outros compram para escapar da alta inflação da Venezuela. Carros usados mantêm seu valor muito bem: um Ford LTD Landau 1979, por exemplo, é vendido aqui por US$ 5.200, contra US$ 1.500 nos Estados Unidos.

Mesmo assim, os modelos de 8 cilindros continuam sendo mais baratos do que os novos, explicando sua prevalência em alguns distritos pobres de Caracas e outras cidades. Mas a afeição pelos gigantes americanos antigos que salva tantos deles do triturador não pode ser explicada apenas pela economia.

"Adoro meu Fairlane exatamente porque é americano", disse Freddy Gomez, 54 anos, de entregador do distrito de Boleita, que dirige um Ford Fairlane 1974. Rindo com um tom travesso, ele apontou para um adesivo na janela traseira do Fairlane, que mostrava uma equação matemática envolvendo a logomarca da Ford, uma garrafa de bebida alcoólica e uma figura feminina.

Resultado: um casal dando um beijo amoroso.

"Quando as pessoas me veem dirigindo meu Fairlane, sabem que sou um homem de estilo", ele disse. "Este carro é o F-16 das estradas, meu amigo", acrescentou, referindo-se aos aviões de guerra americanos, adquiridos antes que as relações diplomáticas com Washington desandassem, e ainda em operação pela Força Aérea venezuelana.

Mas muitos veículos da frota americana antiga parecem mais turbopropulsores enferrujados do que lustrosos caças.

Um Chevrolet Nova 1975 estacionado na favela Pedregal tinha seu capô amarrado com uma corda e tapetes de Eufrazino Puxa-Briga no chão. A pintura, em tons de marrom, parecia o trabalho de um aspirante a Mark Rothko, pontuada por batidas e amassados.

"É, meu Nova tem uns 30 amassados desses", disse o dono, Marcelino Rojas, 50 anos, pintor de casas.

Os dias de cantar pneu de alguns desses carros podem estar próximos do fim. As notícias que chegam até aqui, vindas de Detroit, falam de exóticos carros novos, elétricos, como o Chevrolet Volt e o Nissan Leaf. O anúncio de que a General Motors estaria descontinuando o Pontiac, a marca de 84 anos cujas vendas atingiram o auge em 1973, fez alguns venezuelanos suspirarem.

"Acho difícil de acreditar que os americanos deixariam o Pontiac expirar assim", disse Oswaldo Valdes, 21 anos, estudante universitário que possui um Pontiac Grand Prix 1970. "Neste país, este grande automóvel ainda tem décadas de vida pela frente."

Publicado em: 30/12/2010
Fonte: g1.globo.com

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