O exemplar das fotos é um modelo Rambler, totalmente construído em madeira com chassi de ferro, e motor de dois cilindros com 10 cv, localizado embaixo do banco. Para a época, era um veículo "completo", pois tinha iluminação elétrica com refletores, suspensão por um sistema de feixe de molas e freio duplo. O acabamento era de excelente qualidade, com balaustres no painel e um baú fechado na traseira, que acomodava algumas malas.
Pelo preço médio de US$ 550 o Rambler poderia ser encomendado na fábrica e entregue em cerca de 60 dias. Mais cara era a versão Limousine, que recebia uma capota fechada e acabamento diferenciado. Outros modelos utilitários da marca como o caminhão fechado, o ônibus, o veículo com bomba de água e tanque, custavam em média US$ 3 mil, o que era uma fortuna.
O Rambler chegou ao mercado na época em que o carro ainda não era símbolo de status. Barulhentos, inseguros, quebravam muito e pouca gente concordava que o carro seria o veículo do futuro substituindo charretes e cavalos. Na época eram comuns os automóveis elétricos movidos a bateria, que teriam suas vendas prejudicadas pelo lobby formado entre as empresas de petróleo nos anos seguintes.
O carro está anunciado na internet. Para entrar em contato com seu proprietário e fazer uma oferta, acesse: http://www.classiccarsforsale.co.uk/classic-car-page.php/carno/55723.
Em defesa das rodas grandes
A marca Holsman foi fundada em Chicago no ano de 1901, por Henry Holsman, um arquiteto que sonhava construir automóveis, tal como outros fundadores de marcas como Packard, Locomobile, Knox, Stanley, Union e tantas outras que marcaram o início da indústria automobilística.
Holsman se inspirou nas carruagens e wagons usadas na época das viagens pelo interior dos Estados Unidos, que deveriam ser seguras para enfrentar o terreno arenoso. Assim, em 1901 Henry Holsman comprou um automóvel e o desmontou para poder entender sua complexidade e fabricar seus próprios veículos. Usando ferramental em casa, e um motor a gasolina de outro veículo desmontado, Holsman montou seu próprio veículo de rodas grandes, ideia que teve para tornar o carro mais alto e portanto, mais seguro.
Em 1902 alugou um andar de um prédio em Chicago, e começou a fabricar seus primeiros modelos. Rapidamente, por conta da demanda, teve que aumentar o espaço e depois mudar de endereço para uma área de 33 mil metros quadrados, para acomodar mais de 200 funcionários. Seu slogan era "Rodas altas para viajar em todas as estradas, porque todas as estradas são feitas para rodas altas" ("High Wheels Travel All Roads Because All Roads Are Made To Be Traveled By High Wheels") pois defendia que só as rodas de maior diâmetro ajudariam a tornar o carro mais seguro, menos propenso às valas e buracos, e consequentemente garantiriam maior proteção do motorista e seus passageiros.
O fabricante também se aventurou a montar veículos elétricos, que eram comuns. Alimentados por bateriais de chumbo semelhantes às utilizadas hoje, os carros elétricos tinham funcionamento mais estável e não precisavam de lubrificação.
No entanto, com o desenvolvimento da indústria e a popularização do automóvel, novas leis federais foram criadas para tornar o trânsito mais seguro, o que exigiu grandes investimentos dos fabricantes em tecnologia e ferramental. Nem todos conseguiram sobreviver e a Holsman faliu após vários problemas, e deixou de fabricar automóveis em 1910. O sonho durou apenas uma década, porém após a falência de sua empresa, Holsman voltou a se dedicar aos projetos de arquitetura e faleceu somente em 1963, aos 97 anos de idade.
